ILUSTRAÇÕES POEMAS A. BAYAS II, 2011



A Caverna

Cavo... cavem!
Cavo... cavem!
Cavo, cavem, cavamos,
cavamos na caverna














Estudo

Sinto-me pequeno
ante a estatura do poeta
e a solidez do seu imaginário.

Mas é preciso, preciso, preciso,
esse pouco de solidão
que o seu convívio me empresta.

Música ao longe na praia,
retrato na parede, lembranças,
a rosa escorrendo no asfalto.

O poeta se veste com fúria,
(o poeta, despido, declina),
todas as faces em uma.

A marcha dura, poeta.


Tarde de Junho


I



No labor de outro dia,

eu te encontro, tarde de junho,

te contemplo e te indago,

o que me trazes

de novo ou de antigo,

de iniciado ou de findo,

a mim,

que, incauto, te espreita?



A mim,

a quem nem tanto importa

teu sujeito e objeto,

teu melhor argumento

e tua tônica severa

com que enleias

amadores



mas sim, tua substância,

tua carne e crepúsculo,

prenúncio da noite,

em que homens se encontram,

se refugiam em copos

e matam

o que neles quer morte.



Tarde de junho,

tu que espias

a aurora selvagem,

suas cores perscruta

e em brancas nuvens se esvai.





II



Em algum ponto

da estrada,

eu ergo os olhos

e ouço

o vento e um grito

surdo

que na água

algum dia darei.



Metade de mim

te contempla,

teu véu rude e negro,

sem encanto aparente

ou marca de sedução,

um véu andarilho

que a tudo encobre,

entre presa e algoz.



Tarde de junho,

eu te alardeio

e tu vagas alheia

ao que sobre ti cai.